11.5.08

Ensaio pró-leitura


Enquanto você perde o seu tempo em orkut, msn, blogs... tem alguém, em algum lugar, se dedicando a um bom livro


O brasileiro lê em média 2 livros por ano, e ao mesmo tempo faz do Brasil o segundo país que mais acessa à Internet. O antagonismo é evidente e lamentável. Nossa cultura não está voltada para a leitura. Os saraus e rodas de discussões em cafés, nos séculos passados, entre os barões e as madames, eram hábitos europeus repetidos aqui pelos "sem-identidade" Os nascidos em berços dourados, viviam no Brasil como se desfilassem pelas ruas de Paris.

Esses tempos, em parte, passaram e a cultura da leitura não ficou como herança. Não construímos a identidade brasileira dentro do sentido de construção humana e intelectual. As ruas, as praças, os ares do Brasil se voltaram para o desenvolvimento comercial, para a sustentação de um país que trabalha para sobreviver, apenas. Em pleno século XXI, estamos sustentando esta sobrevivência.

As nossas ruas não nos possibilitam mais as relações interpessoais, são apenas locais de passagem. Não são mais nossas, ou são dos carros ou dos pedintes. As praças, quando bem cuidadas, são lindos jardins decorativos para o sem graça do cimento, e só. Aqui em Conquista, por exemplo, quem senta no banco da praça para ler um livro à sombra das velhas palmeiras?

Somos um povo sem a estrutura mínima que nos permite esse contato, esse convívio. Quem se arrisca ler enquanto se desloca dentro do ônibus coletivo não consegue completar uma página. O ônibus está lotado, você só vai conseguir sentar quando já estiver quase no destino, as ruas esburacadas e as condições do assento vão lhe fazer sentir dentro de um liquidificador... Portanto, desista. Nosso espaço público é para ninguém. Alguém sabe onde fica a biblioteca municipal? Me ensine a chegar, por favor. E os museus... abandonados praticamente. Só vamos até lá quando precisamos descobrir sobre a fundação da cidade, sobre a origem do nome e por aí vai. Aliás, não vamos, já tem tudo na Internet.

Os sebos e as livrarias são habitados sempre pelas mesmas pessoas: os estudantes que procuram pelo livro indicado e exigido pelo professor, o professor que precisa e se dispõe a se atualizar, os intelectuais da elite que podem desembolsar uma grana para ler um clássico comentado por um grande estudioso e, dificilmente, pelos pretensos intelectuais que irão dividir no cartão o preço do livro.

"A leitura é para quem tempo". Não me venha com esse papo, será que os franceses, os ingleses... não trabalham, não têm filhos, não se atrasam, não vivem na correria? Os londrinos têm aos livros como companheiros. No metrô, na praça, no ônibus. Não se perde o tempo "livre", dedicam-se a leitura. Lá, jornais são distribuídos gratuitamente, e após a leitura, as pessoas os deixam em locais públicos para que outras leiam. Não parece mentira? Desculpe, caro conterrâneo, também gostaria, mas não é.

Desligue esse computador e vá ler um livro.

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