Confira a entrevista na Revista Imprensa 234. Trecho abaixo.
Pela conciliação
Por Rodrigo Manzano, enviado a Brasília (DF)
Marina Silva enfrenta a ira dos desenvolvimentistas, de um lado, e dos conservacionistas, de outro
Ela foi apontada em janeiro deste ano, pelo respeitado jornal britânico The Guardian, como uma das 50 pessoas que "podem ajudar a salvar o planeta". A Ministra do Meio Ambiente Marina Silva figura na lista ao lado de ambientalistas, pesquisadores, intelectuais, políticos e celebridades de Hollywood e é a única latino-americana escolhida por especialistas de todo o mundo. Dada sua personalidade, é bem possível que a lista mais a incomode que a envaideça. "Salvar o planeta" parece ser missão grande demais para sua frágil estatura e estado de saúde, debilitado após a contaminação com metais pesados quando ainda era uma menina no Acre, seu estado natal e onde iniciou sua carreira política, com Chico Mendes.
Ao lado de outros três ministros - Gilberto Gil, Luiz Dulci e Celso Amorim -, resiste no Planalto desde 2003, primeiro ano do governo petista, quando tomou posse. Muitos ministros caíram por denúncias, outros para ceder a cadeira às alianças costuradas no Palácio e alguns, ainda, simplesmente porque o relógio anunciava o fim da permanência no cargo público. Para Marina Silva, o tempo, literalmente, corre, enquanto a floresta amazônica, seu berço e sua plataforma política, sofre ameaças de todos os lados. À IMPRENSA, a ministra parecia disposta a falar a respeito de tudo. Sua assessoria apenas sugeriu, no primeiro contato, que se evitasse discutir o vazamento de informações relativas aos gastos do Gabinete da Presidência da República. Tínhamos 30 minutos de uma apertada agenda. Ganhamos 45.
O tempo, contudo, não é seu único inimigo. Freqüentemente, Marina Silva enfrenta a ira dos desenvolvimentistas, de um lado, e dos conservacionistas, de outro. Entre os dois, posiciona-se a imprensa, que ora cobra mais investimentos públicos em obras de infra-estrutura, ora levanta a bandeira ambiental, denunciando os índices de agressão às reservas naturais e cobrando, do governo, atitudes mais enérgicas em relação ao tema. Nesses momentos, sua postura discreta é substituída por aparições ligeiras. Aliás, pautada pela discrição, Marina Silva evita polemizar. É difícil arrancar-lhe aspas duras contra alguém. Sua atual tendência ao equilíbrio torna-se evidente em sua postura quase sempre a favor do diálogo. Crises internas no governo, sensacionalismo da mídia, jogos políticos, acusações mais radicais, nada parece subtrair-lhe o tom conciliador. É assim que ela vai entrar para a história.
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