28.6.09

Custava esperar?



A morte de Michael Jackson pegou de surpresa os fãs e a imprensa do mundo inteiro. A notícia foi tão surpreendente que nem mesmo a forma como ela se constituia e tomava as capas dos sites fora notada. Uma das 'leis' do jornalismo é a checagem e a apuração dos fatos antes de torná-los públicos. No entanto, a notícia de que o rei do pop estava morto chegava às redações que logo reproduzia no formato: "agência de notícias diz que MJ está morto" ou "site de tablóide americano noticia morte de MJ".

A busca incansável pelo furo jornalístico e a rapidez exigida (e possível) pelas modernas tecnologias que estão a serviço da comunicação derrubam a lei da checagem e colocam em evidência um novo (será que é novo mesmo?) tipo de notícia: "a notícia da notícia". É tipo aquela conversa que chega aos nossos ouvidos e quando interrogamos quem disse, a resposta é "a amiga da namorada do meu primo..."

Fica uma questão importante, mas que passa despercebida: de quem é a responsabilidade pela notícia? Da sua origem ou de quem reproduz? Lógico que o principal responsável é a mídia de origem, mas chega um momento que a origem da notícia se perde. Mas, quem reproduz está assinando embaixo, não? Se um outro meio noticia, é porque confia naquele que noticiou primeiro... Então, a notícia está sendo garantida duas vezes (ou mais, dependendo das reproduções), não é mesmo?

Só que a morte de MJ começou a ser noticiada com base em informações não-oficiais (ou seja, poderia ser um trote) que não valia a confiança que deram e que alcançou o mundo inteiro. Em nome da audiência, os mais renomados jornais, entre eles o JN da rede Globo, deu primeiro a notícia confiando apenas nos "donos do furo". Não havia declarações oficiais, pronunciamento da família ou do hospital. Imagine as possíveis repercusões de notícias como esta que surge de um "fiquei sabendo ou ouvi falar" e que são reproduzidas descontroladamente. Custava tanto esperar pela confirmação oficial? Nem mesmo a entrada ao hospital estava confirmada quando as primeiras notícias começaram a surgir na internet... Deve ter sido um baita susto para as pessoas próximas ao Michael, por exemplo, que não estavam sabendo, como as que haviam ensaiado com ele na noite anterior.

Imaginem então, se não se confirmasse a morte de MJ. O que diriam os jornais: "tablóide foi vítima de trote", "na busca do furo, agência de notícia deu uma furada"? Seria interessante ver o William Bonner dizer: "nos desculpem, mas foram eles que erraram"...

Obs.: não sou um conhecedor da discografia ou carreira do Michael Jackson, mas reconheço a sua importância e influência na música mundial, por isso fica o clipe abaixo como minha homenagem à família Jackson e aos seus fãs. Descanse em paz, cara!

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