1.5.10

Está rindo de que?


Por Ale Rocha (colunista de TV no Yahoo!)

O humor está em alta na TV aberta. Nunca assisti a tantos programas cômicos. Do cinquentenário “A Praça é Nossa” ao recém-lançado “Legendários“. Com tanta oferta, esperava mais qualidade, mas são poucas as atrações que arrancam uma boa gargalhada.

Qualquer bobagem me diverte. Não é difícil me flagrar rindo mesmo com programas datados, como “Zorra Total” e “Show do Tom“. Mas que fique bem claro que a diversão é rara, o que não tornam essas atrações dignas de nota.

Por outro lado, os programas moderninhos que apostam nos comediantes vindos do stand-up me cansam. São tão parecidos que é impossível apontar algum que se destaque. Quando todo mundo é engraçado, ninguém é divertido. É tanta gente implorando uma gargalhada que não consigo esboçar nada além de um sorriso amarelo diante de atrações como “É Tudo Improviso” e “Quinta Categoria“.

Outro que declara modernidade e deixa a desejar é “Legendários“. De tão pretensamente ousado, provoca vergonha alheia. O programa lembra aqueles times de futebol que recheiam o elenco com estrelas, mas não ganham um título sequer. Se bem que, por ali, alguns têm muita garganta e pouca voz. Estilo David Beckham: parece craque, mas não é.

Enquanto isso, o “CQC” perdeu parte da ousadia que tanto cativou a audiência nos primeiros programas. Ainda é divertido e superior a muitos concorrentes, mas revela que o principal desafio do humor na TV é manter o frescor que seduz os telespectadores logo no início.

Quem soube lidar bem com este desafio foi o “Pânico na TV“. Após um início arrebatador em 2003, o programa entrou em crise quatro anos depois. Primeiro, com a saída de alguns integrantes, como a redatora Rosana Hermann e os comediantes Carlos Alberto da Silva (Mendigo) e Vinícius Vieira (Gluglu). Depois, com a estreia do “CQC” em 2008, com o qual era frequentemente comparado e rebaixado pela crítica.

Em 2009, o “Pânico na TV” voltou ao eixo. Para isso, apostou ainda mais na anarquia, sua marca registrada. Nesta nova fase, se destacam Marcos Chiesa (Bola) e Márvio Lúcio (Carioca). Os dois carregam a atração nas costas, já que outras pratas da casa não divertem como antes (Evandro Santo, Rodrigo Scarpa e Wellington Muniz).

Entre todas as atrações humorísticas, por enquanto apenas o “Furo MTV” segue sem altos e baixos. Lançado em 2009, o programa não é inovador. Emula o “Weekend Update“, principal quadro do “Saturday Night Live“. Também é clara a influência do “The Daily Show with Jon Stewart“.

No entanto, se o “Furo MTV” não reinventa a roda, também não fica preso a fórmulas pré-estabelecidas. Tanto que a recente ampliação em sua duração foi benéfica. Caso raro em uma emissora que, no histórico, possui atrações de sucesso que perderam o fio da meada depois de ampliadas, como “Os Piores Clipes do Mundo” e “15 Minutos em Dobro“.

O grande trunfo do “Furo MTV” é a dupla Dani Calabresa e Bento Ribeiro. Cada um tem estilo próprio. Ela, exagerada, fala muito e alto. Ele, mais tranquilo, aposta em comentários cirurgicamente sarcásticos e debochados. Os dois apresentadores se completam de forma única. Com o passar do tempo, aumenta o entrosamento observado desde a estréia. Uma combinação explosiva e hilária.

Aos dois, ofereço as minhas gargalhadas diárias diante da TV.

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