19.9.10

60 anos: TV brasileira precisa de uma boa plástica?

Por Fabio Maksymczuk*, no Portal da Imprensa

A televisão brasileira comemora 60 anos em um momento de transição. O meio de comunicação mais popular do Brasil perde telespectadores quase que diariamente. A chamada "novela das oito", principal produto da nossa tevê, é o símbolo maior desta fase. "Passione" fica ao redor dos 34 pontos de média no IBOPE da Grande São Paulo. Em 2007, "Duas Caras" registrava índices na casa dos 40 pontos.

Em entrevista concedida ao "Roda Viva" na última segunda-feira (13/09), José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, passou alguns recados importantes para os atuais responsáveis pela programação. O eterno diretor da Rede Globo ressaltou a necessidade da renovação na TV com profissionais de outras áreas e criticou o atual mecanismo de jovens autores serem submetidos à supervisão de veteranos. "O conteúdo fica esquemático", observou.

Um dos pontos mais polêmicos da entrevista apareceu sobre os realities. "O reality show é uma coisa horrorosa", disparou Boni. "O reality show é uma grande mentira porque não conheço ninguém que mora confinado por três meses em uma casa", frisou o pai de Boninho, diretor máximo do "BBB". Boni simbolizou em apenas uma frase seu pensamento sobre o atual momento: "É uma velha senhora que precisa de uma boa plástica".

A TV brasileira precisa voltar a despertar o interesse do público. A programação vespertina, por exemplo, é um dos pontos nevrálgicos. Reprises e filmes invadem esta grade horária. Uma enxurrada de infomerciais toma conta de diversos programas. TV não é só negócio, mas também possui responsabilidade social.

As novelas precisam emocionar o telespectador. A chamada "TV brasileira" precisa voltar a ser brasileira. Hoje em dia, diretores compram formatos estrangeiros, já testados pelo mundo afora, e colocam goela abaixo do telespectador. Por que não testar programas com o DNA genuinamente nacional?

No jornalismo, os telejornais regionais deveriam ganhar mais espaço. Transmitir informações sobre o congestionamento da Marginal Tietê para o morador do Amapá é discutível.

Mesmo com os percalços enfrentados, a TV brasileira ainda aparece como o principal meio de comunicação. Agora, é necessário acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas, ampliar a interatividade e perceber a internet como parceira e não concorrente.

* Fabio Maksymczuk de Almeida Brito - Jornalista formado pela Universidade Mackenzie e bacharel em Comunicação Social - habilitação Relações Públicas pela ECA/USP

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