No dia 28 de outubro, Anagé foi palco para o lançamento do livro de um desses escritores da mídia. Com sede na cidade, a Editora é de filhos da terra e mantém escritório em São Paulo, onde os livros são produzidos e de onde surgem os contatos e os meios para novas publicações, inclusive de nomes já conhecidos, como é o caso. "Escrevinhações" é o sexto livro do ator Antonio Calloni, famoso por personagens nas novelas da Rede Globo (o mais recente foi em Escrito nas Estrelas), mas descobriu o talento para escrever e faz disso uma rotina, apesar de dizer que na verdade é pescador, só atua e escreve nas horas vagas.
Calloni foi recebido na cidade como o ator da Globo, poucos ali conheciam o seu trabalho como escritor. Uma espécie de chácara foi preparada para o lançamento com cadeiras, almofadas e tapetes espalhados embaixo das árvores. No sofá, o centro das atenções: o ator global. Uma breve apresentação sobre a editora, sobre o lançamento e depois a palavra foi passada ao autor, que falou sobre o livro, a parceria com a editora e revelou que ali estava se sentindo muito a vontade. "Eu nunca vou esquecer esse lançamento, porque isso aqui é de verdade. As pessoas são de verdade", externou.

Cerca de 300 pessoas prestigiaram o lançamento e, quase metade disso, fez questão de adquirir um exemplar do livro e sair dali com uma dedicatória do ator/autor, apesar do preço, R$30 - um tanto salgado para a maioria da população daquela cidade. O fato é que aquele dia foi especial para muita gente que estava ali, ficaram de frente com um artista que só viam na telinha, e o melhor de tudo, era para falar de um livro. Com certeza, muitos saíram com vontade de ler "Escrevinhações", até os que não têm o hábito de ler e que podem, nesse contato, iniciar suas leituras, passar a freqüentar bibliotecas e interagir com o mundo que brota das páginas de um livro.
Pela iniciativa, parabéns à editora, que poderia ter se fechado num daqueles shoppings paulistas, mas preferiu difundir o trabalho de um escritor no interior, aberto à todos, inclusive para interagir. Muitos sustentam o discurso de democratizar as artes, como a literatura, o cinema e o teatro, mas não mudam os formatos, permanecem enrustidos numa máscara elitizada e afastam as classes mais populares. Imagine se todo livro, ao ser lançado, promovesse essa interação... Teríamos um país de leitores e não apenas telespectadores.
Um comentário:
Olá Ailton Fernandes, que suas palavras ecoem pelo Brasil afora.
Chega de discursos e vamos a atitudes como essa, trazendo a cultura a todos os recônditos rincões do nosso imenso país.
Isso é democratizar o acesso às letras e ao saber.
Postar um comentário