10.6.11

O jeito João de ser

João Gilberto, baiano de Juazeiro, completa hoje 80 anos de idade. O músico, um dos criadores da Bossa Nova, é conhecido mundialmente como um mito da música brasileira. Com aparições e apresentações cada vez mais raras, as últimas aconteceram em 2008, ele deve se apresentar no Rio de Janeiro e em São Paulo em setembro deste ano com um show comemorativo. Segundo a mulher de João, Claudia Faissol, composições inéditas podem entrar no repertório.

O cantor vive isolado, quase nunca sai do apartamento no Leblon, recebe poucas visitas, a mais frequente é do serviço de entrega de comida, passa o dia todo de pijamas, não fala com os vizinhos, nem atende o telefone, quanto mais a imprensa.

Em junho do ano passado, a Veja Rio publicou uma matéria como se o cantor tivesse concedido entrevista à edição, o que não aconteceu. A assessoria do cantor publicou uma nota desmentindo o que ele chamou de "coisa feia! Colagem de frases. Vergonhoso".

Além de composições e melodias inesquecíveis, como Chega de Saudade e Desafinado, e do isolamento, João é sempre lembrado por suas exigências, que fazem do mito ainda mais incomum.

Perfeccionista, há uma série de “pedidos” para que o cantor possa se apresentar. Uma delas é o microfone – ou melhor, os microfones, um para a voz e outro para o violão – tem de ser da marca austríaca AKG, modelo C414. O aparelho custa, em média, R$ 2 mil e é mais comum em estúdios de gravação. João, no entanto, faz questão de usá-lo em suas apresentações ao vivo. Descumprir essa exigência é tê-lo reclamando do som durante toda a apresentação.

Outro fator que João Gilberto não abre mão é o silêncio da plateia. Público barulhento, para ele, é algo imperdoável. Já chegou a discutir com o público, ser vaiado, mostrar a língua, sair do palco e prometer nunca mais voltar em certa casa de shows.

São lendas as histórias de que ele proíbe o ar condicionado ligado (só reclama se estiver muito frio) e de que faz questão de centenas de toalhas brancas no camarim

Na última vez em que se apresentou no Brasil, não houve qualquer problema. Na ocasião, João tocou em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, como parte das comemorações dos 50 anos da bossa nova. Em nenhum dos shows ele se queixou do som, do público ou do ar condicionado. De ruim, só outra característica bastante comum do cantor: os atrasos.

Confira a reportagem A Invenção de João, da revista Muito, de junho de 2008.

No vídeo abaixo, ele reclama de uma vaia e acaba sendo aplaudido. Confira:

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