16.6.11

Ópera de Elomar em maquete

Em homenagem a Elomar Figueira uma maquete exposta no Memorial do Forró representa as quatro cenas de A Carta, composição apresentada pela primeira vez em outubro de 2004, em Brasília.

SINOPSE DA ÓPERA e FOTOS DA MAQUETE
(Clique sobre as fotos para ampliá-las)
A Carta, fala de Maria, uma sertaneza bonita nos seus dezoito anos e noiva de um vaqueiro conhecido como Diudurico. Muito pobres não conseguem se aprontar para o casamento, de tão pobres que são.

Num certo 23 de junho de um ido ano, véspera de São João portanto, quando todos, noivo, noiva, familiares e amigos, junto à fogueira festejam no terreiro, chega uma prima que trabalha nas indústrias têxteis em São Paulo. Percebendo as dificuldades da realização do casamento de Maria, Tuzinha convida-a para fugir com ela para São Paulo onde trabalharia uns tempos angariando o dinheiro necessário para enxovais, construção de casa e outros. Após certa relutância, Maria aceita a proposta como única saída. Passadas as festas, fogem e de ônibus chegam a São Paulo e à fábrica e ali trabalha e estuda e fica mais bonita e manda enxovais, dinheiro e tudo.

Faltando alguns meses para completar o seu tempo ali, manda uma carta para sua mãe, marcando o casamento para o São João daquele ano. Um dia após isto chega a fábrica, de moto-pesada, o filho do dono das indústrias, um pleibói decaído. Ali culiado, macomunhado ou conluiado, com o gerente e a filha deste, arrasta Maria naquele fim de semana até seu luxuoso apartamento numa “armação” de festa de aniversário. Após as apresentações formais, gerente e filha caem fora deixando moça como novilha indefesa nas garras de um jaguar ( esta cena 3 é chamada “A Novilha e o Jaguar” ).

Ali sozinha e apavorada e exposta às investidas tempestuosas de um caráter carcomido pelos parasitos da alma desta sociedade chamada dos urbanóides, após resistir e vencer a toda sorte de proposta e cantada, sentindo-se vitoriosa, Maria desliza ao aceitar sob persistentes convites, comemorar sua vitória com uma só, um só “taça de vinho”. Ao despertar no outro dia, já livre do efeito maléfico do vinho drogado, desonrada, humilhada, peona lascada, perdida e desgraçada, sem um amigo a quem confiar, Maria foi aos bocados se perdendo mais e mais, vícios, descendo, descendo, chafurdando-se...

No dia vinte de junho daquele ano, já completamente batida pela desgraça, manda por intermédio de uma positiva uma carta para sua mãe, relatando sua infelicidade, sua derrota. A perdedêra de uma catingueira bonita de alma manêra. Mais uma pobre menina tragada pela correnteza das imundas águas permeantes nesta sociedade imunda dos imundos urbanóides. Vade retro Satanazes, eu vos arrequêro...!

A cena, A Leitura, fala de quando chega a prima positiva com a carta para a mãe de Maria. É véspera de São João. A casa de fachada branca com janelas azuis está cheia de luz dos fifós. No terreiro a mesa posta, a fogueira acesa, o povo envolta da foqueira bebendo pinga, licores... cadelos zanzando prá lá e prá cá. Moças e rapazes se revezam em versos cantando lôas para São João.

Chega a positiva com a carta na mão. Há um desespero porquanto ninguém sabe lê. Mandam então chamar uma professora próxima conhecida. Esta então faz a Leitura da carta.

Elomar Figueira

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