28.3.12

Caso Cachoeira: operação chegou à Veja


Não haverá mais como impedir a abertura das comportas: a Operação Monte Carlo da Polícia Federal, sobre as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, chegou até a revista Veja.

As gravações efetuadas mostram sinais incontestes de associação criminosa da revista com o bicheiro. São mais de 200 telefonemas trocados entre ele e o diretor da sucursal de Brasilia Policarpo Jr.

Cada publicação costuma ter alguns repórteres incumbidos do trabalho sujo. Policarpo é mais que isso.

Depois da associação com Cachoeira, tornou-se diretor da sucursal da revista e, mais recentemente, passou a integrar a cúpula da publicação, indicado pelo diretor Eurípedes Alcântara. Foi um dos participantes da entrevista feita com a presidente Dilma Rousseff.

Nos telefonemas, Policarpo informa Cachoeira sobre as matérias publicadas, trocam informações, recebe elogios. Há indícios de que Cachoeira foi sócio da revista na maioria dos escândalos dos últimos anos. (Por Luis Nassif)

Leia:

Entenda o caso
Denunciados Carlinhos Cachoeira e mais 80 por caça-níqueis 

O Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) apresentou à Justiça Federal nesta segunda-feira denúncia contra a máfia dos caça-níqueis que foi desarticulada no mês passado durante a Operação Monte Carlo da Polícia Federal. A quadrilha seria comandada por Carlinhos Cacheira, mas a denúncia se estende a 81 pessoas. Em 2005, Cachoeira ficou conhecido por um escândalo que originou a CPI dos Bingos. Na época, um vídeo publicado pela imprensa revelou uma suposta negociação entre Cachoeira e Waldomiro Diniz, então assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu. As imagens, feitas em 2002, mostravam Diniz combinando pagamento de propina com o bicheiro.

Na operação, Cachoeira foi preso em sua casa, na cidade de Goiânia (GO). A quadrilha explorava jogos ilegais em Goiânia e no entorno do Distrito Federal, com o uso clandestino de máquinas caça-níqueis. O esquema ficou muito tempo escondido porque a quadrilha corrompia autoridades dentro da polícia e da Justiça.

Esta é a primeira de uma série de denúncias que o Ministério Público vai apresentar contra o grupo. Nesta primeira, foram 205 páginas de acusação pelos crimes de formação de quadrilha armada, corrupção, peculato e violação de sigilo.

O Ministério Público pede reparação de valores pelos danos causados pela quadrilha. Segundo nota do MPF, a "Secretaria Nacional de Segurança Pública deverá informar os custos para a União no envio e manutenção da Força Nacional de Segurança, no período de maio a agosto de 2011, no Entorno do Distrito Federal, para efetivação do enfrentamento à jogatina e outros delitos, enfatizam os procuradores da República responsáveis pela denúncia".

Para as próximas denúncias, o Ministério Público promete ainda pedir punição para os envolvidos para os crimes de financeiros de contrabando, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas para os principais envolvidos, entre eles Carlinhos Cachoeira, podem passar de 30 anos de prisão.

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