Xangai é baiano de Itapebi, morou em Nanuque, norte de Minas, e antes de ir morar em Lauro de Freitas, morava em Vitória da Conquista, terra de suas origens. Ele é descedente direto de João Gonçalves da Costa, um dos fundadores do Arraial da Conquista, é primo do menestrel Elomar Figueira e tem parentesco com o cineasta Glauber Rocha.
Não há dúvidas de que Conquista está no sangue do cantador. Apesar de andar sempre por aqui, sente saudades e, quando vem, se surpreende com a recepção calorosa. "Eu fico sensibilizado, não estamos isentos de sentir o gesto e a manifestação da alegria, e hoje foi muito bom", assume.
No palco, por alguns minutos foi só ele e o seu violão (presente de um amigo). Logo depois, o convidado, conhecido de muito tempo do anfitrião, veio fazer dupla. Jessier Quirino, escritor, poeta e contador de causo como ninguém. "Não tem definição para um artista como ele. Vai definir Pelé? Ele é um Pelé", elogia Xangai.
Pela primeira vez na cidade, Jessier foi apesentado pelo cantador de forma bem peculiar: "Vocês vão ficar besta com o talento desse cara. Um mago das palavras". E ele tinha razão. A plateia se divertiu com as músicas e com algumas histórias que Xangai levou para o palco, mas com as manhas (ou mugangas, como diz Xangai) do poeta paraibano, era uma risadêra atrás da outra.

No palco, um admirava ao outro, quando não cantavam juntos. Quirino com histórias de época de eleição, de um almoço numa fazenda, do matuto no cinema, outros causos e algumas poesias. Eugênio Avelino com versos cantados que soavam como expressões da alma sertaneja. João do Vale, Ataulfo Alves, Elomar Figueira, Waldick Soriano e o próprio Jessier Quirino (autor de Bolero de Isabel) fizeram parte do repertório. Como no cangaço, a combinação dos -inos por aqui também foi perfeita.
Um comentário:
Excelente matéria!
Parabéns Ailton Fernades!
Foi realmente um momento impar. Muito bom mesmo.
Carlos Moreno
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