5.6.12

Gil Giardelli: "eu não compraria ações do Facebook"

Em Vitória da Conquista para realização da palestra "Colaboração Humana, Inovação Coletiva e Social Good", o professor e especialista no Mundo.com, Gil Giardelli, falou aos blogs Conversa de Balcão e Jornalismo & Interatividade sobre redes sociais, marketing digital, comportamento e mercado.

Gil é CEO da Gaia Creative (empresa em que implementa inteligência de mídias sociais, economia colaborativa, gestão do conhecimento e inovação para empresas) e professor na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Mais sobre o palestrante no seu site (gilgiardelli.com.br).

Uma empresa que não está na internet, seja nas mídias sociais ou com um site, pode ser considerada ultrapassada?
Não ter um site é não fazer parte de uma sociedade digital. Ter um site e uma rede social é como se sua loja ficasse aberta 24 horas por dia nos sete dias da semana e, para isso, é preciso estar disposto. Você pode fazer pães de mel com cupuaçu, sempre vai ter alguém, mesmo que do outro lado do mundo, querendo comprar, esse é o grande poder do social commerce.

Quais os principais desafios para uma empresa que se dispõe a estar nas redes sociais?
Ter uma linha editorial bacana e entender o que sua empresa fala. Mídia social não é falar só dela, mas ter um diálogo realmente. Pelo conceito de vendas, se a mídia social não for últil em serviço para a pessoa que está seguindo, ela não tem porque ter. É preciso agregar valor e serviço ao seu produto. Se tem uma academia aqui em Vitória da Conquista, por exemplo, ela pode falar de qualidade de vida, o porque de se fazer exercícios e da boa alimentação. Nas mídias sociais o desafio é, primeiro, não transformá-la em um SAC 2.0, depois, não fazer dela um grande outdoor com propagandas, em terceiro, se lembrar de que no final é um grande relacionamento e uma conversa.

É possível aliar velhas práticas de mercado com as tendências do mundo digital?
Não. Estamos vivendo um choque de gerações, de séculos, de hiatos, de formas de ver o mundo. Antes, um acadêmico tinha que pedir autorização para ter acesso a alguns livros numa grande universidade, conteúdos de extrema relevância ficavam presos em organizações e religiões, agora tudo está aberto. Isso é o "Triunfo da Transparência", que vai produzir pessoas melhores, mais engajadas e de mais entendimento. Antes, eu falaria, talvez, somente com a TV aqui da região, hoje falo com o maior prazer, às vezes é até mais relevante, com um blogueiro independente local. Dessa forma não dá mais para usar métodos antigos, até no marketing, antes bombardeava o consumidor, acertava o target, cobertura total... Isso é linguagem de guerra, hoje não queremos mais linguagem de guerra, queremos conversar.

O brasileiro sabe usar as redes sociais?
Estamos na infância do uso das mídias sociais. Apesar de ser segundo no Facebook e o quarto país que mais ler blogs, a gente usa muito com sutilezas da vida: compartilhar fotos dos amigos, dos animais... Nada contra isso, faz parte. Porém, está na hora de começar a criar o webativismo, o engajamento, usar as redes sociais para fazer educação, empreendedorismo e isso faz parte do amadurecimento da sociedade.

Após a abertura de ações do Facebook na bolsa de valores, o analista de mercado e investidor da Ironfire Capital, Eric Jackson, disse que a rede vai deixar de existir em oito anos. Qual a sua opinião sobre essa previsão?
Não posso falar em anos, mas ferramentas como o Facebook passam, as pessoas cansam e ela vai perder a força. Não sei se acaba, pois tem um processo de inovação muito grande, diferente do Orkut. Pode ter uma vertente aí e se reinventar, porém eu não compraria ações do Facebook.

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