12.4.08

Respeitem meus cabelos


Pra quem acha que já se espantou o suficiente com os absurdos do Brasil, esse é apenas mais um.

Recentemente, dois jornais de circulação nacional, Folha de São Paulo e A Tarde, trouxeram notícias tratando de discriminação estética e racismo praticados em agências do Bradesco em Salvador. E o absurdo é maior por acontecer na capital baiana, onde mais de 80% da população é afro-descendente.

De acordo com as matérias, o Manual de Pessoal daquela instituição financeira proíbe os seus funcionários homens usar barba e cabelos compridos, enquanto as mulheres de etnia não-branca são obrigadas a alisar os cabelos.

As denúncias foram feitas por funcionários e sindicalistas ao Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, que já entrou com uma ação civil pública (ACP) contra o banco. A audiência está prevista para o próximo dia 10 de abril e caso a Justiça julgue a ação procedente, deverá arcar com indenização de R$100 milhões por danos morais, referente à discriminação por traço estético e R$100 milhões pela prática de racismo.

O MPT exige também que o banco publique em jornais de circulação nacional e em canais abertos de TV um texto sobre a ilicitude desse comportamento, que fere a nossa Constituição, reconhecendo, publicamente, o direito à construção da imagem física de todo trabalhador brasileiro.

E agora, fica a pergunta: por que casos como esse não repercutem? O brasileiro não deveria tolerar esses abusos, seja ele empregado do Bradesco ou não.

Nenhum comentário: