24.5.08

1968 - Em um dia qualquer de maio ...


Maio de 1968, antes de mais nada, representa o ápice de um momento histórico de intensas transformações políticas, culturais e comportamentais que mudaram a face do mundo contemporâneo. A partir dos protestos estudantis ocorridos nas universidades francesas de Nanterre e Sorbonne, há 40 anos, eclodiram vários movimentos de contestação em diversos países da Europa e das Américas, e que ganharam uma dimensão ainda maior com a com a adesão da classe trabalhadora. Alguns filósofos e historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário mais importante do século XX, por que não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores, ou minorias raciais, mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe. O mundo nunca mais foi o mesmo.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se consolidaram como potência mundial e, auxiliando na reconstrução da destruída Europa, passaram a difundir os valores de uma nova sociedade que surgia. Após a próspera década de 1950, o mundo percebeu que havia paz e riqueza, mas os sistemas de manutenção do poder e opressão continuavam quase os mesmos apesar da derrota do nazi- fascismo.

Assim, a década de 60 começou junto com protestos estudantis que exigiam mudanças políticas e comportamentais no “establishment” (o sistema político estabelecido) em diversos países, principalmente nos Estados Unidos e França. A partir do maio francês, o movimento surgiu espontaneamente em todos os continentes, em quase todos os países, orbitando sobre a declaração dos direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), escrita logo após o conflito mundial.

E o maior e mais famoso de todos esses movimentos libertários dos anos 60 eclodiu em 3 maio de 1968, em Paris. Inicialmente, exigia–se a reabertura da Faculdade de Letras de Naterre, mas devido à forte repressão da polícia, passeatas de protesto surgiram por toda a capital francesa. Começou como uma série de greves estudantis que eclodiram em algumas universidades e escolas de ensino secundário. Com a tentativa do governo de De Gaulle de esmagar esses protestos com mais ações policiais no Quartier Latin, houve uma escalada no conflito que culminou em uma greve geral de estudantes e em ocupações de fábricas em toda a França. Dez milhões de trabalhadores aderiram ao movimento, aproximadamente dois terços dos trabalhadores franceses. Uma revolta permanente se formou contra o governo conservador do general Charles De Gaulle (herói da resistência francesa, durante a Segunda Guerra). Os protestos chegaram o ponto de levar o presidente francês a criar um quartel general de operações militares para lidar com a insurreição, dissolver a Assembléia Nacional e marcar eleições parlamentares para 23 de junho de 1968.

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