7.8.08

Protesto de estudantes de Comunicação pede "avaliação de verdade" para o Enade

Brasília - Alunos de faculdades de Comunicação mostram faixa de protesto contra o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), realizado neste domingo (12).


Com o slogan Nota Zero para o Enade, por Uma Avaliação de Verdade, integrantes da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) incentivaram hoje (12) alunos de instituições de ensino superior públicas e privadas a boicotarem o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2006.


Foram selecionados para fazer as provas 488.883 estudantes, de 1.619 instituições em todo o país, de acordo com a assessoria de imprensa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação (MEC), responsável pela aplicação do exame.


Em Brasília, houve protestos contra o Enade em alguns locais de realização das provas. Segurando faixas e gritando palavras de ordem, os manifestantes entregavam adesivos aos estudantes que chegavam para fazer o exame. Dessa forma, ganharam a adesão de vários alunos, como José Hélio Sabóia de Sousa, que cursa o 8° semestre de Comunicação Social no Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb).

Sousa chegou ao local de prova cinco minutos antes do fechamento dos portões, previsto para as 13 horas, e acabou desistindo do exame. "Decidi boicotar. Só vim porque era obrigatório e porque estava com medo de não receber o diploma. Agora que eles [representantes da Enecos] disseram que basta assinar a lista de presença, resolvi deixar a prova em branco", disse.


Para Danilo Silvestre, membro do comitê organizador do boicote no Distrito Federal, a adesão dos alunos ao movimento foi boa. Pelos cálculos dele, somente no colégio onde José Hélio Sabóia de Sousa faria a prova, mais de 50 universitários deixaram o local antes de completar meia hora do início do exame. "Este é o terceiro ano consecutivo de boicote, a gente vem ganhando participação dos alunos com o passar dos anos", afirmou Silvestre.


Segundo ele, em 2004, houve "adesão maciça" dos alunos de Pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) e, no ano passado, dos estudantes de Educação Física.


O Enade foi criado em 2004 pelo MEC para avaliar a qualidade dos cursos e instituições de ensino superior em todo o Brasil e o grau de aprendizado dos estudantes. O exame faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).


No entanto, diz Silvestre, o exame não é uma forma eficiente de avaliação, além de ter caráter punitivo. "O Enade, junto com o Sinaes, pune as faculdades. Ou seja, é como se uma pessoa doente fosse ao médico e. em vez de receitar um remédio, ele desse um veneno. No caso das universidades públicas, elas podem deixar de receber verbas e, sem receber verbas, não têm como melhorar".


O estudante critica também o fato de as próprias faculdades, muitas vezes, usarem as notas dos alunos no Enade para fazer "propaganda" da instituição. "A avaliação da faculdade, não é feita só pelo Enade. Só que se uma determinada faculdade foi mal em todas as outras (avaliações), menos no Enade, vai dizer que se saiu bem em tudo, como se o curso realmente estivesse bom, e na verdade não está", disse Silvestre.


"A gente sabe que há várias faculdades em que alguns cursos não estão bons, mas elas incentivam os estudantes a fazer o Enade, oferecem até cursinho preparatório, para parecer que a faculdade está boa e, na verdade, não está", completou.


O estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília Antônio Luis Siqueira da Silva concordou com os argumentos e também aderiu ao boicote. "A prova era bem extensa, e achei que não teria nenhum benefício se fizesse as questões. A universidade em si prepara o aluno para ser um profissional, e não é o MEC que vai avaliar isso, mas sim o próprio mercado de trabalho", acrescentou.


Já as amigas Hanna Carla Gomes e Janaína Gonçalves da Silva, ambas estudantes segundo semestre de Direito, preferiram resolver as questões do Enade, em vez de entregar a prova em branco. Hanna Carla considera o exame uma "boa oportunidade de testar os conhecimentos e melhorar os pontos em que há dificuldades". Ela disse, no entanto, que não faria a prova, se não fosse obrigatório, por "não estar certa de que é um mecanismo que ajuda realmente a avaliar a faculdade".


Janaína Silva discorda da colega. "Melhora a instituição, sim, porque, se os alunos não tiverem notas boas, a faculdade vai ter que se esforçar para melhorar o corpo docente e deixar o curso mais puxado".


Matéria da Agência Estado. O boicote e as revindicações do NOTA ZERO AO ENADE não é veiculado quando se publicam os resultados do Enade, mas a mídia está fazendo questão de publicar os números, e só!
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