
Vitor Pamplona, do A TARDE
A vasta obra deixada por Glauber Rocha, seus filmes, roteiros, desenhos e escritos, terá em breve um abrigo na Bahia, sua terra natal. Criado em 1983, como uma associação para preservar o acervo do cineasta, o Tempo Glauber – que funciona no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro – abrirá uma filial em Salvador ainda este ano.
O projeto é levado à frente pela Secretaria de Cultura da Bahia, em parceria com a Cinemateca Brasileira e o Ministério da Cultura. Além do Tempo Glauber, está prevista a instalação de um núcleo da Cinemateca Brasileira, cuja sede fica em São Paulo, e a transferência da Dimas (Diretoria da Imagem e Som da Fundação Cultural do Estado) e do seu acervo de filmes para o novo espaço.
O resultado será um grande complexo audiovisual dedicadoà preservação de filmes e à memória de Glauber, ícone maior do cinema nacional. As conversas com Paloma e dona Lúcia Rocha, filha e mãe de Glauber, começaram há mais de dois anos, segundo o secretário Márcio Meirelles (Cultura).
A princípio, o governo da Bahia propôs a transferência de todo o acervo físico, mas a família do cineasta preferiu manter o Tempo Glauber no Rio de Janeiro depois que a Petrobras patrocinou a reforma do espaço e a restauração dos principais filmes de Glauber: Barravento (1962), Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967), O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969) e A Idade da Terra (1980).
Paloma sugeriu, então, a criação de um Tempo Glauber virtual, proposta que foi aceita. “O acervo está todo digitalizado e existe tecnologia para o acesso em rede“, explica Meirelles. “A ideia é ter um Tempo Glauber digital, mas podemos fazer mostras com o acervo físico, objetos e documentos“.
A Cinemateca Brasileira se aproximou do projeto durante o processo de restauração de Redenção (1959), de Roberto Pires, e de O Leão de Sete Cabeças (1971), do próprio Glauber – filmes recuperados pela instituição, por meio de edital do governo da Bahia.
O núcleo baiano da Cinemateca Brasileira funcionará como uma sucursal no Nordeste, onde poderão ser realizados serviços de limpeza e digitalização de filmes. As fases mais complexas da recuperação, no entanto, continuariam em São Paulo.
“A ideia é dotar o espaço onde estão os filmes baianos de condições tecnológicas melhores. E teremos uma pequena presença física para a difusão de obras“, diz Carlos Magalhães, diretor da Cinemateca. Restam dois passos para a Secretaria de Cultura da Bahia apresentar oficialmente o projeto: definir a área onde o complexo será instalado e de onde virá o financiamento.
Para o local, a proposta principal e hipótese mais provável seria a construção de um prédio anexo ao Palácio da Aclamação, no Passeio Público (Campo Grande). A definição ainda depende de negociações com a Polícia Militar, que compartilha a área com o Teatro Vila Velha e o palácio.
Comentando a nota acima: Demorou, mas enfim a Bahia terá parte da obra de Glauber em um espaço só dele... Uma pena só Salvador ter o Tempo Glauber, pois aqui em Conquista, cidade natal do cineasta, só existe um monumento inacabado (e abandonado) em homenagem a ele. Falta vontade de todas as partes para se instalar aqui ao menos uma salinha do Tempo Glauber...
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