Bate-papo com Plínio

Mesmo sem campanha articulada na cidade, o candidato à presidência pelo PSOL recebeu 632 votos em Vitória da Conquista. Plínio de Arruda Sampaio, 80 anos, foi, em números, o quarto principal presidenciável das eleições 2010, ficou com menos de 1% dos votos (886.816), mas teve excelente desempenho entre os considerados nanicos, que não alcançaram nem 0,1% dos votos válidos.

O candidato foi destaque em debates realizados durante a campanha de primeiro turno por se apresentar como o único diferente, defensor do socialismo, apresentou suas propostas voltadas ao povo e, de forma irônica e debochada, criticou as ideias e a falta de projetos dos demais candidatos.

Plínio é formado em direto pela USP, ingressou na vida pública como subchefe da Casa Civil do governo de São Paulo, em 1958. Elegeu-se deputado em 1962 pelo Partido Democrata Cristão, com o golpe de 64, teve seus direitos cassados, exilou-se no Chile por seis anos e depois foi para os EUA, onde ficou até 76. Ao voltar, integra o MDB, articulando a criação de um partido à esquerda do MDB, deixa o partido e passa a integrar o PT, em 1980 - data da fundação da sigla. Em 2005, deixou o PT por não concordar com os rumos tomados e ingressou no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Atualmente, Arruda preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), além de dirigir o Correio da Cidadania.

Por email, Plínio Arruda respondeu a algumas questões que lhe enviei, embora que de forma muito resumida. Ele deve ter se acostumado ao pouco tempo da propaganda da TV e aos limitados 140 caracteres do twitter (@pliniodearruda), onde debate diariamente com os seguidores. Confira:

Como o senhor avalia o resultado dessas eleições e a sua votação?
Minha votação foi pequena, mas o resultado da campanha muito positivo, porque, pela primeira vez na história do país, um candidato anunciou e explicou o socialismo para a grande massa da população.

Quais as dificuldades enfrentadas na campanha?
A maior dificuldade foi o boicote da mídia.

Por que o senhor não visitou Vitória da Conquista (BA)?
Na campanha, visitei algumas cidades apenas, por absoluta falta de tempo (campanha de 3 meses, apenas). E não tive o prazer de visitar Vitória da Conquista.

Muita coisa mudou no Brasil nos últimos dez anos, o país está no caminho certo?
De fato, muita coisa mudou, mas para pior. O país está no caminho errado.

O que falta aos candidatos dos chamados partidos nanicos?
Não incluo o PSOL entre os nanicos. Defendemos uma ideia de 200 anos e não podemos ser confundidos com grupelhos oportunistas que aproveitam brechas da lei eleitoral para conseguir vantagens.

É possível mudar a política brasileira? E quem vai fazer isso, os próprios políticos?
Sim. Não há somente políticos desonestos. Os verdadeiros políticos, irmanados com o povo, recuperarão o sistema político.

O que é mais importante para eleger um candidato: dinheiro, apoio, projeto ou discurso?
Para eleger, dinheiro. Para participar positivamente: projeto politico claro.

O senhor acredita que a presidente eleita irá extinguir a miséria do Brasil, como ela prometeu?
Não.

Como despertar o interesse da juventude para a política?
O resultado mais importante desta campanha foi o entusiasmo que a candidatura do PSOL despertou em parte substancial da nossa juventude.

Será candidato em 2014?
Não sei se o PSOL vai me convocar novamente. Persistirei na luta para levar o Brasil ao socialismo.