13.3.12

CBF com Teixeira: duas taças, penta, muamba e CPIs



Os 23 anos de Ricardo Teixeira à frente da CBF misturaram o êxito esportivo das seleções brasileiras a polêmicas e denúncias de corrupção. Durante o período, a entidade firmou parcerias milionárias e tornou-se rentável, movimentando cifras inimagináveis em 1989, quando o então genro de João Havelange assumiu o poder.

Abaixo, uma lista dos principais fatos da longa passagem de Teixeira pela CBF. Um período que pode ter chegado ao fim nesta quinta-feira, 8 de março de 2012.

1989: Com amplo apoio das federações, até mesmo de Nabi Abi Chedid, que seria seu adversário na eleição, Ricardo Teixeira se torna o quarto presidente da história da CBF. Ele assume o cargo no dia 16 de janeiro;
Junto de Eurico Miranda, cria a Copa do Brasil, torneio mais democrático do futebol nacional que conta apenas com campeões estaduais e alguns vices;

O Brasil vence o Uruguai por 1 a 0, com gol de Romário, e conquista pela quarta vez a Copa América, título que não alcançava havia 40 anos.

1990: Em campanha decepcionante, a seleção brasileira para na Argentina e é eliminada da Copa do Mundo da Itália nas oitavas de final.

1991: Teixeira consegue antecipar a eleição presidencial em um ano, evitando que os clubes participassem do pleito – como previa a Lei Zico –, e é reeleito, tomando posse em 1992.

1994: Nos pênaltis, o Brasil derrota a Itália e conquista o tetracampeonato mundial nos Estados Unidos, quebrando um tabu de 24 anos sem vencer a Copa;

A primeira grande polêmica sob o comando de Teixeira: o avião que trouxe a delegação campeã do mundo estava carregado com 17 toneladas de bagagens e compras, no conhecido "voo da muamba". Teixeira foi acusado de ter comprado equipamentos para sua choperia El Turf, no Rio de janeiro. Todos os produtos foram liberados após pressão do governo, e, segundo a Receita Federal, US$ 1 milhão em impostos não foram arrecadados.

1995: Seguindo estatuto da CBF e outra vez deixando a Lei Zico de lado, Teixeira consegue nova reeleição contando com a participação apenas dos clubes da Série A do Brasileiro na eleição. No ano seguinte, aumenta o período de mandato para sete anos e ficaria no comando até pelo 2003.

1998: A seleção brasileira perde a decisão da Copa do Mundo para a França, no Stade de France, em Paris. Horas antes da decisão, Ronaldo – principal jogador daquele time na época – sofre uma crise na concentração.

2000: O Congresso Nacional abre a chamada 'CPI do Futebol' para investigar clubes e federações por sonegação de impostos, evasão de divisas e caixa 2. A CBF teve questionado seu contrato de patrocínio com a Nike, mas o relatório final não teve o poder de condenar algumas irregularidades.

2002: A seleção brasileira conquista a Copa do Mundo pela quinta-feira, vencendo a Alemanha por 2 a 0 na decisão em Yokohama, no Japão. No momento de erguer a taça, em um gesto curioso, o capitão Cafu sobre em uma plataforma, provocando cena ainda mais curiosa: Teixeira, “fora da foto”, ficou segurando o púpito, enquanto o lateral-direito comemorava.

2003: Com 46 votos de 49 possíveis, Teixeira derrota Carlos Alberto de Oliveira, presidente da Federação Pernambucana de Futebol, e se mantém na presidência da CBF. No ano anterior, ele havia dito em entrevista à Rádio Jovem Pan no ano anterior, antes da campanha vitoriosa na Copa do Mundo: "As pessoas têm dificuldade em acreditar nas coisas que eu falo. Estou falando isso pela primeira vez. Não sou candidato à reeleição";

Começa o Campeonato Brasileiro no formato de pontos corridos, depois de anos marcados por mudanças e fórmulas e viradas de mesa. Formato perdura até os dias atuais.

2006: Considerada a grande favorita ao título na Copa do Mundo da Alemanha, a seleção brasileira cai nas quartas de final contra a França. O período de treinamentos na pequena cidade suíça de Weggis, marcado pela grande presença de torcedores e pelo clima de carnaval, é duramente criticado pela imprensa e por jogadores.

2007: Com unanimidade de federações e clubes, Teixeira é reeleito para seu sexto mandato à frente da CBF. O mandato iria até 2012 e poderia ser prorrogado em mais três anos caso o Brasil fosse escolhido a sede da Copa do Mundo de 2014;

Em outubro, a Fifa anuncia o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, prorrogando o mandato de Ricardo Teixeira à frente da CBF.

2010: O jornalista Andrew Jennings, da BBC, afirma que um acordo foi fechado no Corte de Zug (Suíça) para que os nomes dos envolvidos no caso Fifa-ISL não fossem revelados. Segundo ele, o acerto foi feito por Ricardo Teixeira e João Havelange, que teriam recebido propina da ISL, antiga empresa de marketing esportivo, à época em que dirigentes da Fifa. Ambos teriam devolvido parte do dinheiro recebido à Justiça com a condição de não terem seus nomes revelados.

2011: Em julho, a revista piaui publica um perfil de Ricardo Teixeira em que o presidente da CBF promete fazer “maldades maquiavélicas” aos meios de comunicação que não se curvam à entidade. As declarações de Teixeira – muitas delas proferidas com um tom que denunciava a certeza de impunidade – causaram indignação.

No sorteio dos grupos para as Eliminatórias da Copa do Mundo, em julho, a presidenta Dilma Rousseff evita o mandatário da CBF, ficando distante dele em imagens e negando-se a recebê-lo para uma conversa particular.

Em dezembro, a Justiça da Suíça ordena que a Fifa divulgue os documentos do caso ISL. Os papeis, que supostamente evidenciariam a ligação e Teixeira e João Havelange com o caso de suborno, teriam de ser revelados até o fim de janeiro, o que ainda não aconteceu. (Por Antonio Strini e Thiago Arantes, do ESPN.com.br)

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