30.5.12

As cores de Eliane Kruschewsky

A arquiteta no ambiente que criou para a Mostra ArqDecor
Formada pela Universidade Federal da Bahia em 1981, ela é uma das mais renomadas arquitetas do estado. Eliane Kruschewsky executa projetos arquitetônicos e interiores residenciais, comerciais e consultoria técnica, já participou de várias mostras de decoração, como Casabella, New Design e Casa Cor da Bahia. Alguns de seus trabalhos foram publicados pelas revistas Casa Vogue, Casa e Jardim, Viver Bem, Casa Cláudia, entre outras.

A arquiteta participa pela primeira vez da Mostra ArqDecor, assinando o quarto de casal, e aproveitou a oportunidade para apresentar seu livro "Cores", lançado no final do ano passado em celebração aos seus 30 anos de carreira. No livro, Eliane mostra seus principais projetos, fala sobre a escolha de materiais para o seu trabalho e suas fontes de inspiração. Publicado pela editora VJ, a obra toma as cores como eixo, nos apresenta ambientes impecáveis, ressalta detalhes e reúne depoimentos de personalidades. Confira entrevista com Kruschewsky.

Por que limitou o título do seu livro ao elemento cor?
Na realidade foi uma didática. Eu juntei alguns projetos nas mesmas cores e fui mostrando de que forma eu as utilizo e, com isso, vou passando de uma cor para outra. Então, fiz uma eleição de doze cores principais e falo sobre a cor, a sua influência, o que ela produz, as emoções e os efeitos que a gente quer.

É difícil trabalhar com a cor de um ambiente?
É! Cor é um elemento que precisa saber ser explorado. Ela pode modificar totalmente um mesmo ambiente. Se um ambiente branco, você transformar todo em vermelho, vai ter um efeito surpreendente, fica com outro visual, outra proposta, passa do clean para o sensual. A cor muda muito o ambiente.

Como define o seu trabalho?
Ele é contemporâneo com traços clássicos.

Como foi o início da sua carreira de arquiteta?
Difícil, mas eu sempre acreditei muito. Eu achava que as pessoas precisavam de um profissional para ajudar a fazer sua casa, tanto na parte de projetos quanto de decoração. No início todo mundo dava um jeitinho e não procurava um profissional, com os novos anseios e os apartamentos menores as pessoas sentiram a necessidade de um profissional para estudar todas as áreas.

Em 30 anos muitas mudanças ocorreram na arquitetura, qual transformação que você vivenciou que te marcou enquanto profissional?
As áreas comuns dos prédios, que viraram clubes. Era uma coisa que eu já gostava e, atualmente, tenho me dedicado muito - estou até fazendo as áreas comuns de três projetos de Márcio Prado aqui em Conquista. E também os apartamentos com áreas maiores, com a falta de segurança nas ruas todos se voltaram mais para casa, buscando o aconchego e a família, e isso fez com que as pessoas curtissem mais a casa.

Qual a avaliação que faz do mercado de decoração da Bahia?
É bom, temos uma grande população que supre o mercado, mas já esteve melhor há cerca de dois anos. Hoje está mais estabilizado e as grandes cidades estão com um bom público para a profissão.

Há muita diferença entre profissionais brasileiros se comparados com os de outros países?
É mais a cultura. Não existem grandes mudanças, a funcionalidade existe e vai ser igual em qualquer cidade, mas a maneira de distribuir os móveis, escolher os tecidos e as cores vão seguir a influência de cada lugar.


E ao comparar o trabalho realizado no Nordeste com o do Sudeste, há muita diferença?
Acredito que sim. O sul sempre foi polo, tem mais opções, mais capital. Às vezes, no Nordeste tem que se trabalhar um espaço com mais criatividade, enquanto que em São Paulo, para o mesmo espaço, se vê mais investimento. O nordestino termina sendo mais criativo.

As escolas de arquitetura e decoração têm preparado bem os novos profissionais?
Esse é um tema polêmico e cuidadoso, pois existe uma massificação da profissão. É preciso ter cuidado ao escolher uma faculdade. Acredito que a Federal ainda é a melhor do estado.

Qual a dica que você daria a um estudante de arquitetura que em breve estará nesse mercado?
O segredo é gostar do que faz. Eu amo a minha profissão e não me arrependo de forma alguma de ter feito arquitetura. No início, me falaram: 'por que você vai fazer arquitetura, você não tem nenhum parente arquiteto?' Mas, eu já gostava daquilo. E, hoje, mesmo quando eu fico sábado ou domingo trabalhando, é algo que não me deixa exausta, fico cansada, mas não é pesado para mim. O sucesso vai da dedicação. Dedicar ao que gosta e fazer com amor é um segredo para qualquer uma profissão.

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