7.1.12

#100Camillo V: Paz!


Eu já não quero mais ouvir falar de guerra.
Tirem diante dos meus olhos essas cenas sangrentas.
Levem para longe dos meus ouvidos esse ruido de metralhas.
Meus olhos já não podem mais contemplar esse rio vermelho
E essa estupidez das carnes laceradas,
E essa triste visão de cruzes e mortalhas,
Estou farto de guerra.
A guerra é um feio súcubo que aterra.

Falem-me, antes, de campos verdes
Onde as mulheres ceifam os trigais de ouro
E as crianças apanham frutos.

Falem-me das cantigas que as mulheres cantam, voltando da fonte,
Enquanto a fumaça azulada sobe dos telhados
E o sol vai repousar nos coxins do horizonte.

Falem-me dos bois deitados na paz vigiliana dos campos.
Dos homens simples que rasgam a terra.
Da terra boa que se abre ao sol, na oferenda prodiga da colheita,
Das noites que sentilam dos olhos dos pirilanpos.

Falem-me dos operários musculosos que levantam cidades,
Que os incendiarios morreram de remorso e de vergonha,
Que ao camponês não resta somente os sete palmos da sepultura
Mas toda a terra que seu braço possa domar
E cultivar para a festa da fartura.

Falem-me dos cabelos das raparigas jogados, como mantos nas ervas pelos prados
Falem-me dos olhos simples que se perdem nas noites cheias de estrelas
Procurando outros olhos namorados.

NÃO! Eu não quero mais ouvir falar de guerra.
Derramei de meu coração todo o ódio,  - esse vinho envenenado; -
Vou enchê-lo de amor. Quero enchê-lo de amor.
Quero enchê-lo com as minhas próprias mãos.

Falem-me de PAZ, meus irmãos proletários das cinco partes do mundo!
Falem-me de PAZ, meus irmãos!
Meus irmãos!
Meus irmãos!...

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