28.7.06

A Lista!


Em outubro de 2005 surgiu uma lista durante as investigações da CPI dos Correios, denominada a Lista de Furnas. Na lista, 156 políticos são apontados como beneficiados, nas eleições de 2002, pelo caixa dois de Furnas. A operação se dava da seguinte maneira: por intermédio da empresa Furnas Centrais Elétricas se fazia o levantamento e se disponibilizava os recursos arrecadados em diversas empresas ligadas a Furnas, de colaboradoras, fornecedoras, prestadoras de serviços, bancos, fundos de pensão, construtoras, corretoras de valores a seguradoras. Finalmente, o repasse era feito aos coordenadores e responsáveis financeiros pelas campanhas dos candidatos. Uma transação normal dentro das práticas ilegais das campanhas políticas.

O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), apontou a lista como falsa, argumentou que ela havia sido criada por petistas para prejudicar a oposição nas investigações, caracterizando-a como denúncia leviana. Dois cartórios do Rio de Janeiro, onde Dimas Toledo, presidente e diretor de Furnas na época, registrava seus documentos, atribuíram autenticidade à lista, que Dimas nega ter assinado. O perito Ricardo Molina, ao analisar uma cópia do documento em questão, fez algumas ressalvas por não dispor das páginas originais, mas afirmou que a lista não apresenta indícios de manipulação fraudulenta.

O que impressiona é que nem mesmo a discussão sobre a veracidade da lista mereceu espaço na mídia. A rede Globo no auge da crise política do governo Lula saturou a paciência do telespectador com os longos e exaustivos depoimentos da CPI dos Correios, mas os nomes da lista de Furnas não foram divulgados. A revista Veja também se limitou ao deixar passar. Entender o porquê dessa atitude não é difícil: a lista traz nomes de políticos da oposição ao governo, a maioria é do PFL e do PSDB, que são apoiados por esses meios, diretamente ou não. Para alguns o motivo não foi esse, justificam o fato na seguinte questão: a imprensa não deve levantar suspeitas e indícios; deve divulgar somente aquilo que investigações tenham comprovado como verdadeiras. Eu concordo com tal premissa, mas a Veja, por exemplo, não se preocupa com as comprovações, recentemente divulgou uma lista de supostas contas no exterior, uma delas no nome do presidente Lula. Então, nos resta a primeira alternativa.

A Lista de Furnas circula na internet e, esse mês, foi publicada na revista Caros Amigos, mas ainda não alcançou a repercussão merecida para assim chegar ao fim da discussão sobre a veracidade da lista. Por enquanto, o assunto se deu por encerrado e a lista parece inexistir, mas verdadeira ou não, queiram ou não, ela existe.

Desrespeitada pela grande mídia, a maioria da população não conhece os nomes que compõem a lista, entre eles estão: José Serra, Geraldo Alckmin, Roberto Jefferson, Marcelo Crivela, Bispo Rodrigues, Aécio Neves, José Aníbal, Severino Cavalcante, entre outros. Os políticos baianos que aparecem na lista são os seguintes: Jutahy Junior, Paulo Magalhães, Fábio Souto, ACM Neto, Luiz Carreira, Jairo Carneiro, João Almeida, Gerson Gabrielli, João Leão, Robério Nunes, José Carlos Aleluia, José Rocha, Aroldo Cedraz e Coriolando Sales.

Nas duas últimas páginas do documento há uma outra lista com os principais colaboradores, empresas como Petrobrás, Odebrecht, Eletronorte, DNA Propaganda, Banco Rural, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Banco Oportunity, Firjan, Eletrobrás, Light, Banco BGM, SMP&B, Cenibra Celulose, Coelba, entre outras. Dá pra se ter uma idéia dos motivos que levaram as empresas a participar do esquema, e são sempre eles que sustentam as doações das campanhas, sejam elas legais ou não.

Caixa dois e nenhuma investigação: alguma novidade?

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