14.10.08

Eleições 2008: o que vale a pena


Desde o dia 6 de outubro, estou me sentindo na obrigação de comentar aqui no blog o resultado das eleições em Vitória da Conquista. Mas, o que comentar? A vitória do deputado Guilherme Menezes já era tão esperada, que quase não encontro relevância. A renovação na Câmara, sim. A derrocada do PMDB, sim. Néu do Gás, sim! Zé da Paz na frente de Adão (no bom sentido...), SIMMMM!

No post de 29 de junho (Bela Oposição), eu já havia adiantado que o deputado não teria dificuldades em vencer. Não foi nenhuma cigana ou bola de cristal, muito menos intuição, era óbvio que os iniciantes Herzem Gusmão e Esmeraldino Correia não conseguiriam ameaçar o petista, tanto que eu não fui o único a cantar a pedra.

Guilherme Menezes se reelegeu prefeito com 56% dos votos válidos (79.725). Terá seu terceiro mandato como prefeito da cidade, após ocupar por duas vezes uma cadeira de deputado federal pelo PT. E, mesmo existindo muito a se fazer por Conquista, Menezes, com o PT, é um dos políticos baianos que mais trabalhou pela cidade. Enquanto que os demais candidatos...

Mesmo assim, o radialista Herzem Gusmão conseguiu convencer muita gente: teve 43.159 votos, cerca de 30%. Enquanto que Esmeraldino Correia, que reunia em torno do seu nome as principais lideranças da oposição, ficou com 19.015 votos, um pouco mais de 13%.

Com esse resultado, a oposição daqui se demonstra desorganizada. E as provas são tão óbvias quanto a vitória de Guilherme já antecipada. Podemos começar pela quantidade de votos que Esmeraldino teve. Ele tinha ao seu lado o PMDB de Geddel, o Democratas de Paulo Souto, ACM Neto e Clóvis Ferraz e o PR de César Borges e Coriolano Sales. Sem falar nos vereadores que esses partidos reúnem. Mas, eles acabaram vítimas da própria desorganização.

A Câmara de vereadores teve uma expressiva renovação. Dos 14 atuais, oito não continuam como vereador a partir de 2009. Desses, cinco são da bancada de oposição: Irma Lemos e Zé William do Dem, Eduardo Mesquita do PHS, Edvaldo Ferreira e Gentil do PMDB. O PT saiu fortalecido nessa, fez cinco vereadores e tem mais quatro da sua base.

Outro detalhe: se a oposição tivesse conseguido os mais de 200 mil eleitores, como tentou através de uma mobilização fracassada, ainda assim não teríamos, com esse resultado, um segundo turno, pois a votação de Guilherme foi superior a 50% dos votos válidos.

O PMDB, partido que mais elegeu prefeitos e vereadores na Bahia, perdeu suas duas cadeiras. Ficou a imagem de partido pequeno e, claro, desorganizado. E acaba sendo, afinal estava na oposição ao PT. Será que é ser oposição ao PT que os fazem desorganizados? É hora de auto-avaliação! Não digo isso pelo fim da oposição, pelo contrário, gostaria de ver uma oposição forte que enfrentasse o governo, fiscalizasse de fato e cobrasse muito. Mas, ao que parece...

Agora com 15 cadeiras, a Câmara terá novos nomes. Entre eles está Emanoel Hora Moura, que ficou com a única vaga do PSB, hoje ocupada por Ataíde Macedo. Conhecido como Néu do Gás, o novo vereador é comerciante e teve 1.966 votos. Muitos criticam quando vêem um homem do povo chegar a um cargo político. Justificam pela falta de um diploma e de experiência, pelo comportamento simples e pelas palavras mal aplicadas.

Ora, a eleição de Néu do Gás deve ser bem vista. Não temos como julgar sua atuação nesse momento. Mas, os meus bons olhos são pelo fato de existir na Câmara uma pessoa que vive em um dos bairros menos privilegiado pelas autoridades políticas. O Guarani, principalmente, terá agora um representante direto e a Câmara se tornará menos elitista.

E, para finalizar, merece comentário a derrota do Professor Adão, do PV, que em 2004 foi um dos mais bem votados. Se candidatou a deputado estadual e, mesmo não eleito, teve uma boa votação. Mas, em 2008, a mesa virou. A vaga do PV ficou com o estreante Beto Gonçalves e o candidato Zé da Paz, aquele do SIMMMM!, conseguiu mais votos que Adão.

A saída do vereador tem claras explicações: ele foi eleito com o nome de Professor Adão, e nada fez pelos professores; ele é assumidamente homossexual, e nada fez pela causa gay; ele é do Partido Verde, que de verde não tem nada; ele deixou muitas das salas de aula e dos cursinhos onde construiu seu curral eleitoral para poder cumprir suas obrigações como legislador e abandonou sua base principal. Adão foi como os cantores de apenas um sucesso. Passou, e agora o povo esquece.
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