Uma cidade nordestina, uma cidade sertaneja, uma cidade religiosa, uma cidade baiana quase mineira. Uma cidade fria, uma cidade acalorada, uma cidade interiorana, uma cidade grande, uma cidade vazia. Uma cidade movimentada, uma cidade cinza, uma cidade azulada, uma cidade sombria. Uma cidade alegre, uma cidade miserável, uma cidade romântica, uma cidade boêmia.
Uma cidade rica, uma cidade cheia, uma cidade mãe, uma cidade festeira. Uma cidade feia, uma cidade de prédios, uma cidade verde, uma cidade de gente. Uma cidade amarela, uma cidade negra, uma cidade de índios, uma cidade de rios, uma cidade de nobres.
Uma cidade poética, uma cidade metida, uma cidade simples, uma cidade torta. Uma cidade mítica, uma cidade heróica, uma cidade histórica, uma cidade nova, uma cidade arcaica, uma cidade moderna, uma cidade bucólica. Uma cidade brasileira. Apenas, uma cidade.
Sua história é de tragédias: índios foram dizimados e famílias se enfrentaram, foi o sangue que regou os primeiros brotos, ainda pequenos, da cidade que viria a ser. Sua gente é de toda parte: nortistas que deixavam a seca paravam a viagem para o Sul por aqui, sertanejos que tocavam gado, mineiros que desistiam do ouro, vendedores, tropeiros, vaqueiros cansados da estrada... Hoje, são professores, médicos, empresários, engenheiros, estudantes que a assumem como o seu lugar, como a sua cidade.
Cortada por várias estradas, uns entram outros saem - muitos fazem isso diariamente, são os filhos de Barra do Choça, Anagé, Itambé, Cândido Sales, Planalto, Poções, Belo Campo, Encruzilhada, Tremedal... Enquanto uns foram sem planejar a volta: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Nova Iorque, Londres, Madri... Outros chegam para não sair mais.
Seu nome é um pleonasmo para uma cidade que é, ao mesmo tempo, de todos e de ninguém, que é muita coisa, para uns, e quase nada para outros. Uns amam, outros odeiam, mas, na verdade, nem todos a conhecem. Quem és tu, Vitória da Conquista?
A graça é tentar descobri-la a cada dia.
Parabéns pelos seus 170 anos.
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