Diretor de 32 anos, Erick Rocha exibe no 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro seu quarto-longa, Transeunte, a primeira ficção da carreira de cineasta. Filho do pioneiro do cinema-novo, Glauber Rocha, Erick se acostumou às comparações com o pai e às expectativa geradas por conta disso. "Todo mundo carrega o peso da sua história; essa é a minha", disse em entrevista ao Terra. "A ligação com meu pai sempre existirá, independente de quantos filmes eu fizer; mas que bom ser sempre lembrado pelo nome de Glauber, um gênio do nosso cinema".
Transeunte é um trabalho que caminha na linha tênue do universo da ficção e do documentário. Conta o cotidiano de Expedito (Fernando Bezerra), homem na fase de seus 60 anos, solitário e preso a uma vida metódica sem grandes acontecimentos. Seu dia se resume a ouvir rádio ou olhar da janela de seu pequeno apartamento o canteiro de obras de uma grande construção no centro antigo do Rio de Janeiro. Caminha a esmo pelas ruas, faz compras, corta o cabelo, e apenas uma sobrinha lembra o dia do seu aniversário com um bolo. Aos poucos, porém, flagra-se algumas pequenas alegrias, como freqüentar uma roda de samba, chamada aqui de seresta, ou um encontro sexual com uma bela mulher. É um despertar para a vida, na medida do possível que cabe ao personagem. Tudo filmado com uma câmera tranqüila, com muitos closes no rosto e em partes do corpo do protagonista, num preto-e-branco poético.
"Acho que tive perdas sérias muito cedo, como meu avô e meu pai, e tive que lidar com a morte ainda quando criança", tenta explicar Eryk o motivo que o fez escolher o drama de um homem mais velho para sua estréia na ficção. Quando Glauber morreu, em 1981, Erick tinha apenas três anos.
Próximas produções - Uma ficção sobre o drama de um taxista de serviço noturno e dois documentários, um sobre o Cinema Novo e outro sobre a ligação entre chineses e peruanos a ser filmado no Peru.
Leão de Sete Cabeças restaurado - Dando continuidade ao projeto Coleção Glauber Rocha, o primeiro filme internacional de Glauber Rocha, Leão de Sete Cabeças (1970), foi totalmente restaurado e será exibido em sessão especial no Festival de Brasília hoje, dia 29, às 17h. O projeto também irá realizar as restaurações dos filmes Cabeças Cortadas, Claro, Câncer e História do Brasil. No dia 21 de dezembro, o DVD do filme será lançado no Cine Glauber Rocha, em Salvador.
O Leão de Sete Cabeças é uma co-produção ítalo-francesa, filmada na África que conta uma história geral do colonialismo euro-americano. Uma epopéia africana, preocupada em pensar do ponto de vista do homem do Terceiro mundo, por oposição aos filmes comerciais que tratam de safaris, ao tipo de concepção dos brancos em relação àquele continente. É uma teoria sobre a possibilidade de um cinema político. "Escolhi a África porque me parece um continente com problemas semelhantes aos do Brasil", explica Glauber.
Com informações do portal Terra
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