14.11.10

Inquietações sobre o feio e o belo


Nosso olhar foi educado pela nossa cultura, os costumes, os hábitos e a sociedade limitam nosso modo de ver e compreender as coisas. Aos nossos olhos, todos os japoneses não parecem iguais? Quem sabe, para eles, também não somos todos iguais por aqui... Mas, o que é feio e o que é belo? Empregamos diariamente os termos, como se anunciássemos verdades sobre algo ou alguém. Ora, o que é feio é o que incomoda aos nossos olhos, já o belo é o que faz bem a nossas vistas, nos faz até olhar de novo, sabe?

Todavia, precisamos ter em mente que o que é belo pra mim pode não ser tão belo assim para a pessoa que está ao meu lado. E não me refiro apenas à beleza exterior das pessoas, mas, principalmente, às criações humanas, sobretudo, as artísticas. E, independente, de agradar ou não aos seus olhos, lhes peço, antes de expressar verbalmente as sensações provadas ao seu olhar, respeito. É preciso considerar que uma criação artística é fruto de um processo individual, influenciado por forças coletivas – acredito eu, e que aquela criação carrega não só o nome do autor, mas traços que o identifica, que remetem às suas condições sociais e psíquicas, à sua realidade. Portanto, merecem respeito.

Um desenho, um quadro, um texto, um poema... Do mais simples ao mais elaborado, seja feito de maneira rudimentar ou com as mais recentes ferramentas tecnológicas, em qualquer mídia ou meio, de um renomado ou de um amador... Seja como for, costumo não julgá-los como feio ou belo, mesmo quando não me fazem bem. Não fico, como muitos, apontando o que eu faria diferente, onde eu faria algumas alterações, o que está “errado”... São criações que não me pertencem e que não foram feitas para que todos façam a mesma leitura (nem os mais objetivos textos conseguem causar interpretações equivalentes...) e se sintam satisfeitos por não ter seus olhos incomodados.

Se for uma criação que se enquadra no mundo das artes, o barato é você poder imaginar o que levou o artista a produzir aquilo, o que ele está tentando dizer... Mais barato ainda é quando você acha que conseguiu desvendar e, de repente, quando aprecia mais uma vez, descobre coisas novas, questiona coisas novas e percebe que naquilo, de alguma forma, faz parte de você.

Simplesmente, apreciai a doçura (ou não) da imaginação alheia, respeite-a e saiba dialogar consigo mesmo e não com o que está ali pronto e acabado.

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