27.7.11

Uma nova visão sobre o movimento tropicalista


Uma nova visão sobre a Tropicália. Esta é a proposta do músico e escritor Getúlio Mac Cord, que há 30 anos pesquisa o movimento e resolveu reunir tudo que descobriu no livro "Tropicália: um caldeirão cultural".

O livro é uma grande coletânea de depoimentos de personalidades que viveram os bastidores de um dos maiores movimentos culturais do país. O livro traz mais de 40 entrevistas de figuras como o cantor e compositor Jards Macalé, do diretor e ator José Celso Martinez e do maestro e compositor Rogério Duprat. No fim da década de 60 os holofotes estavam voltados para nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé, mas àqueles que ficaram "por traz das cortinas" também têm muito a contar.

A obra contém declarações surpreendentes. Jards Macalé, por exemplo, afirma que ele e muitos de seus parceiros da época foram rotulados como não-comerciais e ainda sofrem as consequências. "Eu gravo pouco porque determinadas pessoas das gravadoras até hoje acham que nós não somos comerciais. Eu, Jorge Mautner, Luís Melodia e Sérgio Sampaio somos considerados malditos. Eu não acho nada disso. Qualquer faixa de nossos discos pode fazer sucesso. Basta ligar o rádio e comparar. Há coisas boas, mas a grande maioria é uma porcaria", desabafa.

"Tropicália: um caldeirão cultural" é um retrato fiel do período que misturou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais. Para o autor, o tropicalismo, embora tenha sempre sido associado à política, foi em sua essência um movimento a altura da Semana de 22 e do movimento antropofágico de Oswald de Andrade. "Havia sim uma insatisfação com a ditadura e os horrores dos militares na época. Mas a Tropicália ultrapassou essa questão. Foi além. Tratou de repensar a nossa cultura, uma reflexão cultural 40 anos depois da semana de 22", afirma Mac Cord.

Por Emília Oliveira (Rede Bahia)

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