A mesa ainda não estava posta quando Glauber deu um último trago e descartou o cigarro no pátio soltando a fumaça na sala onde estavam Jorge, Castro e Gregório. O encontro por acaso estava programado para aquela noite.
Glauber disse que jamais imaginaria ouvir na música brasileira tamanha futilidade e ver no cinema os antigos clichês.
Jorge, por sua vez, reclamava pelos romances nacionais deixados às traças nas livrarias.
Já Gregório não entendia o motivo do teatro está restrito aos que pagam para rir de si próprios, e só.
E Castro não suporta mais ver em sua praça, todo ano, a folia momesca dizendo que está tudo muito bem e a poesia sabe-se lá de quem é...
Eles não se conformam em ser apenas do passado, revistos quando lembram das memórias esquecidas, estão abalados por não ter influenciado o suficiente para deixar a herança do inconformismo.
Com as mãos dadas de olhos fechados e com a louca sanidade sob controle, fizeram juntos, numa só frase, ao redor da mesa farta, uma oração:
- Pai, não precisava tanto.
E é verdade, não precisava mesmo! Somos nós que precisamos. Precisamos de Glauber, de Jorge, de Gregório e de Castro. Precisamos de todos eles de volta às nossas mesas, às nossas mentes e de volta à nossa arte.
Um comentário:
Excelente texto Chuchu. Com certeza as manifestações artísticas precisam se renovar e se utilizar de sua capacidade de sacudir as pessoas, despertar. Falta também uma maior valorização de nossa parte.
É isso, demorei pra comentar, mas saiu. Valeu!
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